segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Ultramar

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Daqui
Os navios a noite são como foguetes
E a cidade é uma cascata de luz
pra dentro d'água
Eu piso
um caminho negro sobre o sal
querendo abrir os olhos
Nesse movimento quieto
De cruzar os mares
Pra chegar mais perto
Eu volto pra casa
E encontro meu rebanho
preso ao teto
Como se existissem para voar
mas lhes faltasse o desejo
Deito na cama
Sonho amor e ódio
E espero sempre
um corpo morto
no fundo da baía
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Passo Rápido

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A vida nesse espaço
brota na contradança
O meu recuo frente 
à saliência
O meu avanço
na direção da brecha
Cair no buraco
Numa rua de Mileto
É querer o buraco
Desvelar o ouro do erro
Dentro do meu ato
No vagão de um trem
Sumindo num túnel
No seio da terra
Eu cedo um assento
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