sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Torneira do pensamento
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
nuvens
O que as nuvens trazem
Além da sua água?
Todas as formas alísias
Que a água no céu possui
[um clarão na noite escura e fria]
E no meu pensamento noctívago
Na horizontal divulga
Que as gotas de algodão
Dantes no céu tristonho
São matérias-primas
Ao cobertor que servirá
terça-feira, 13 de outubro de 2009
meus dias.
Prosa e poesia
Os seres humanos co-habitam a Terra de duas maneiras, que por serem diferentes entre si são complementares.
Enquanto movemos nossos corpos, cadenciando-os ao ritmo de uma canção; Enquanto nos deleitamos com o recreio dos olhos, observando as estripulias do acontecer-por-aí; Enquanto abrimos nossos poros à disposição do som da vida, como numa reverência ao silêncio; Enquanto nos despimos em frente ao espelho dos nossos olhos, reparando em nós mesmos e nos reconhecendo seres-no-mundo; Enquanto respeitamos o mistério que há em vivermos ao mesmo tempo o “eu” e o nós diante de muitos “eus” e “outros” que existem; Enquanto nos descuidamos daquele tempo que não é o nosso e nos lançamos na sublime harmonia de ter no peito o tempo (consciência) de que precisamos pra nos projetar diante das coisas.
Assim é quando habitamos poeticamente.
Enquanto pensamos e racionalmente decodificamos a realidade, como nos binômios, distinguir – entender, nomear-dominar; Enquanto medimos no tempo as horas de que precisamos para chegar onde queremos/devemos estar; Enquanto trabalhamos durante o dia, regularmente, para podermos alcançar as coisas que precisamos pra reproduzir nossas próprias condições de existência; Enquanto decidimos dormir cedo mesmo sendo maravilhoso passar a madrugada em claro, pensando, nos guardando, para as atividades regulares do dia seguinte.
Assim é quando habitamos prosaicamente.
Essas duas dimensões do viver humano, apesar de serem opostos entre si, são partes de um todo que se mantém em constante retro-alimentação. É preciso existir o viver prosaico para que o viver poesia exista e tenha valor (significado, sentido). O ser humano é completo na medida exata dessas duas dimensões.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
com você.
Se conseguires sentir-se só
Tão só. [só]
Peço então que venhas comigo
Para ficarmos sós, sozinhos [só – só]quinta-feira, 8 de outubro de 2009
O descuido do poeta
comigo
O céu enquanto muda de cor
As horas entornando tristeza
No mar da saudade
Enquanto o rubro invade
E no meu peito arde
Dois desejos e um amorterça-feira, 6 de outubro de 2009
ao que sente
olhei para fora quando resolvi os meus
foi embora
livre
o pensamento que se perdera
assim, criei juízo do lado de dentro
passeando pelos quintais do “vir a ser”
voltei a sonhar com flores
aproveitei os ventos
me deslembrei do tempo
voltei a reparar nas cores
tão belas
tão bem vestidas
tão bem escolhidas
o que me faz ter certeza que foram colidas
nos versos lidos de uma linda poesia
imaginada
escrita
por Você
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
começo.
Pensar no que começar e não saber onde será o final, no que vai dar.
Desce daí, ô pensamento [!], de nada vale ser superior se o seu comprimento não passa do meu teto. A arte de perceber “ser” aqui, entre nós, é o início do melhor dos fins. Por isso, pensamento, faça sua parte, e permaneça até o final (pensando bem, assim será melhor pra nós dois).