terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Imaginação

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Ser poeta é se colocar entre a paisagem e o olhar.
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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Historia Magistra Vitae


"Historia vero testis temporum, lux veriatis, vita memoriae, nuntia vetustatis, qua voce alia nisi oratoris immortalitati commendatur"

A história é a testemunha dos tempos, a luz da verdade, e a vida da memória, a mensageira da velhice, por cuja voz nada é recomendado senão a imortalidade do orador.

(Cícero)

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sexta-feira, 9 de julho de 2010

estação das horas

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das estações e das salas de espera
onde os passos se perdem, de todos
os lugares de acaso e do encontro
onde se possa sentir de maneira fugidia
essa possibilidade mantida pela ventura
e que ganha por deixar acontecer
o derramar das horas
tão oportunas.

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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Fruta cor


Bons frutos são assim
manhãs bonitas dão mais luz às suas cores
O seu bailar se dá assim
nos ventos ousam pisar

Abrem sorrisos
Fazem olhar pro céu
Bem de manhã vem a luz
beijar tudo outra vez

Ainda bem que eu vi
Floresceu em mim e pelo caminho
Vi tuas cores, todos os tons
ali


quarta-feira, 26 de maio de 2010

estar

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eu estou exterior à paisagem como estou exterior ao quadro:
eu não figuro lá.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

(i)mobilidade

ganha vida a cidade
desperta-se
todos se levantam
e deslocam-se
uma miríade de humanos
múltiplas trajetórias

[depois]

alocam-se todos
lugares-comuns
encontram-se
esbarram-se
confundem-se
produzem-se

[depois]

deslocam-se
uma miríade de humanos
múltiplas trajetórias
realocam-se
e por alguns instantes
fazem a cidade
esquecer-se

terça-feira, 23 de março de 2010

Pura serendipidade


Acredito no que se move. Na dinâmica da relação entre os termos. Como, por exemplo, som e silêncio. A interdependência desses dois termos produz um movimento intermitente. Como um diálogo. Um termo é fundamental para a existência do outro. Essa dinâmica produz o que talvez seja a única coisa constante que conheço. A mudança. Uma intermitência perene.

Dentro dessa dinâmica se movem as coisas mais naturais que conhecemos, como as ondas do mar, as dúvidas, a música e porquê não a própria vida. A intermitência entre má sorte e boa sorte produz o acaso e nós vivemos nele.

Acredito nisso tudo como indivíduo que lida com as temporalidades e a sazonalidade da arte. Como quem caminha pela casualidade que faz produzir. Essa é a motricidade do processo de criação. Estar sujeito ao processo da criação artística é algo enriquecedor. Compreendo mais o tempo das coisas convivendo com a arte. Assim entendo melhor o tempo.

Lembro do poeta alemão Rainer Maria Rilke em um trecho das "Cartas a um jovem poeta":

"Deixar amadurecer inteiramente, no âmago de si, nas trevas do indizível e do inconsciente, do inacessível a seu próprio intelecto, cada impressão e cada germe de sentimento e aguardar com profunda humildade e paciência a hora do parto de uma nova claridade: só isto é viver artisticamente na compreensão e na criação.

Aí o tempo não serve de medida: um ano nada vale, dez anos não são nada. Ser artista não significa calcular e contar, mas sim amadurecer como a árvore que não apressa sua seiva e enfrenta tranquila as tempestades da primavera, sem medo de que depois dela não venha nenhum verão. O verão há de vir. Mas virá só para os pacientes, que aguardam num grande silêncio intrépido, como se diante deles estivesse a eternidade. Aprendo-o diariamente, no meio de dores a que sou agradecido: a paciência é tudo."



terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

à guisa de ser

Todo esse desejo de conhecer
A mim mesmo e ao Todo Único
Os modos de percepção e de sentimento
O que carrego
Minha coragem
Meu medo
Minha alegria
Meu sofrimento

O Todo do meu próprio Ser

É a maneira que encontrei, verdadeira e silenciosa
De conhecer o Universo

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

o poema



fui deitar e não consegui
de tanto pensar
me levantei pra escrever e não consegui
de tanto pensar

só consigo escrever, por agora, nesse formato
tem sido essa a limitação

o poema


ano novo



todo ano novo tenho vontade de mudar
que invenção boa
essa coisa de marcar o tempo
me mantém essa vontade

o tempo deve ser marcado mesmo
não viveríamos sem o fazer
são as pistas de quem somos

mas em caso de ano novo
de quem devemos ser