domingo, 4 de setembro de 2016

Entre o sono e a areia

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Num piscar de olhos
uma memória com aquele azul que a distância tem
conduziu-me num leito de esteira
entre o sono e a areia

veloz como um raio
um signo de vento
mostrando os pulmões e as narinas do teu cavalo bandido
o dia do rapto

condensou como um rubi
o cristal da tua íris
o dia em que te vi
hoje essa escrita já morreu

a tinta se apagando
enfraquecendo sob o selo de um anel que eu perdi
afundou
ninguém se foi
a duna que chegou

em uma futura arqueologia dos diálogos
vai ressurgir a figura de um deus
pagão, obviamente
domava os ares
montava um furacão
em um braço carregava o seu escudo
com o outro erguia grave um chifre furado
ao pé da imagem um dente de leão
e breve, um ditado:
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