terça-feira, 25 de setembro de 2018

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No princípio existia o nome do nada,
não pairava nem se movia sobre nada uma vez que somente existia e mais nada.
Não sustentava nada e tampouco precisava de apoio. O nome do nada era impronunciável. Isso porém não era suficiente, ao nome do nada faltava a palavra, como uma resistência.
Da primeira fala do nome do nada, do primeiro som de sua voz surgem suas duas filhas.
A Graça e a Presunção,
essas moviam-se e viviam sobre a face do nome do nada.
Agora seu nome, até então impronunciável era vivido e experimentado por suas filhas porém não lhes era suficiente.
À Graça e à Presunção faltava algo. Então criaram uma estrela de fogo e chamaram-lhe Sol.
Ele servia agora de calor e luz. (aqui na condição de seu nascimento desenha-se uma impossibilidade de relação com o nome do nada)
Para a Graça era caro o seu calor, para a Presunção a luz seria tudo. O Sol porém não era contente na sua condição de farol.
Existe uma avidez em cada luzeiro que no fundo de sua existência luminosa busca por água e refrigério. Então assim a graça criou um oásis e o colocou no sol.
Era tão fundo que chegava ao centro de seu corpo quente.
Dentro desse oásis a Presunção colocou um peixe de prata
brilhante desde o mais profundo abismo.
Então a profundidade e o brilho eram a jóia de água que o sol carregava em si,
um peixe quase pingente fazia agitos e duas irmãs gêmeas começam a nomear o mundo em torno de sua luz.
Do pequeno peixe sabe-se que o mundo não lhe tem sido suficiente,
e é este o ponto máximo que se consegue chegar até os dias de hoje. Quem consegue enxergar o coração do sol ainda há de aparecer.
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espelho dagua

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dentro do espelho d'agua
debaixo da lente ondulada
sobe lenta e graduada(mente)
uma lenda um peixe de prata
alento é ir além, aquém dessa terra

aquele que vem sabe que na
água erra quem mensura
o tamanho do osso
muda na fundura aperto
e lonjura já não são nada

a essa altura digo
um brilho de prata
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D'or

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Uma língua de ouro
pra quem se queimar menos
pra quem comer mais
que decifra enigmas, histórias
obscuras no meio da falta
de nada
o milhão de falas que a água tem
sussurra um leão de pêssego
dentro da minha cabeça
ela me levou pra ter
um encontro com as pedras
me vi na prata e 
no peixe
e numa luz intermitente
que só podia ser o fluir das nossas vidas
(uma soma)
um rio de cristal misterioso
e a rocha de um barranco
sagrado em minas gerais
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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

caderno4

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eu não imagino onde:
abre o véu e
demora no detalhe
faz a cama e dura intensa
no instante

quando olho no olho:
me sussurra algo dourado
quando penso na distância:
forte, abre o céu com fogo
um machado

Que nome a vida dá pra si?
Como seus filhos são chamados?


caderno3

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paradigma
tara digna
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caderno2

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só consegui filmar
a sequência de explosões
cinco astros de éter
ou mais, despedaçados
faltava só ter sangue
por entre as estrelas
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caderno1

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A imagem de um santo
ferido no ombro
me comoveu tanto e
de tal maneira
que as vezes penso ser
o unico sonho que eu
sonharia
todas as noites
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quarta-feira, 9 de maio de 2018

Conspiração

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Boca do mistério
Todos os assuntos
longe dos peixes
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